Guilherme Valadão em partida pelo Granollers/ Foto: Xavier Solanas
Um dos destaques da Seleção Brasileira e jogador do Granollers, Guilherme Valadão, 24 anos, é armador esquerdo e um apaixonado pelo handebol. Tanto que superou uma lesão no joelho e trancou as matrículas no curso de Publicidade e Propaganda e no curso de Engenharia para viver o sonho de jogar na Europa. Valadão nos concedeu uma entrevista e conta um pouco sobre a escolha pelo esporte, como é atuar na Espanha e como foi jogar o Mundial Masculino do #Qatar2015. Confira!
2 Minutos – Primeiramente muito obrigada Valadão por aceitar o nosso convite. Conte para os nossos leitores como tu te tornaste jogador de handebol e/ou te fez escolher por seguir este esporte.
Guilherme Valadão – Eu comecei jogando handebol no colégio, antes praticava vôlei, futebol de campo e futsal. Sempre fui muito do esporte. Comecei a jogar em uma aula de educação física e viram que eu tinha altura e força, além de levar um pouco de jeito para o esporte. Meu professor do colégio, por sorte, era técnico de handebol também e insistiu para que eu começasse a treinar e levar mais a sério.
2 Min – Começaste na base do Metodista/São Bernardo, equipe da tua cidade natal, correto?
Guilherme – Comecei jogando pela Metodista, clube no qual atuei por dez anos. Pela facilidade de morar em São Bernardo, estudar e jogar, preferi permanecer ali por muito tempo.
2 Min – Jogas na Seleção Brasileira desde a base. Lembra como foi o teu primeiro jogo pela Seleção?
Guilherme – Jogo na Seleção Brasileira desde 2005. Comecei na categoria Infantil. Participamos do Sul-Americano e foi o único campeonato infantil de seleções que fizeram nesta categoria, por isso, muitos companheiros brincam que eu sou o único jogador a passar por todas as categorias da Seleção. Lembro bem do primeiro jogo, como éramos todos muito novos, não sabíamos muito bem o que representávamos ali. Foi um jogo contra a equipe do Chile e eu fiz 6 gols (veja a matéria sobre a competição clicando aqui) e como fala a matéria fiquei entre os artilheiros da competição.
2 Min – Começaste a jogar pela Seleção Adulta em que ano? Como foi?
Guilherme – Minha primeira convocação para a Seleção Adulta veio em 2012, para fases de treino e meu primeiro jogo foi um amistoso contra a Coréia do Sul no Poliesportivo de São Bernardo, minha Terra Natal, com toda minha família me assistindo e apoiando. Foi fantástico!
Seleção Brasileira no Torneio das 4 Nações/ Foto: divulgada na página do atleta
2 Min – Em 2012 passaste por uma cirurgia para tratar uma lesão no joelho. Tu acreditas que essa pode ter sido um dos momentos mais ruins da tua carreira? Teve medo de ter que abandonar as quadras?
Guilherme – 2012 foi um ano em que eu estava jogando muito bem e quando fui renovar meu contrato, me colocaram como um dos principais jogadores da equipe Adulta, mesmo sendo Júnior ainda. No dia 18 de março eu sofri a lesão do LCA (ligamento cruzado anterior) uma lesão muito chata, com recuperação muito longa. Confesso que em muitos dias pensei em largar, me dedicar somente aos estudos e deixar o esporte, mas cada dia de fisioterapia, meus amigos e, acima de tudo minha família, não deixaram que isso se tornasse realidade. Hoje agradeço muito aos meus pais e irmã por não terem deixado eu baixar a cabeça naquele momento e seguir em frente.
2 Min – Foste em 2013 para a Espanha para atuar no BM Guadalajara, e desde agosto de 2014 atua no BM Granollers. Como foi sair do Brasil para atuar na Espanha? Do que sente mais falta?
Guilherme – Sair do Brasil para jogar uma liga européia é o sonho de quase todos os brasileiros no handebol, uma liga forte, com mais visibilidade, melhor salário e etc. Sempre foi meu sonho e não pensei duas vezes na hora de ir, não me arrependo um minuto da escolha que fiz. Hoje em dia, vejo que sinto muita falta da minha família, mesmo com a tecnologia aproximando as pessoas é muito complicado ficar distante dos familiares e amigos próximos.
2 Min – Mesmo com o resultado não esperado e a desclassificação no Mundial 2015, como foi ir para o Qatar e jogar com o atual grupo da Seleção?
Guilherme – O resultado, definitivamente, não foi o esperado, queríamos melhorar nossa classificação do Mundial 2013 e isso não foi possível, mas estar ali e fazer parte desse grupo foi maravilhoso. A estrutura que nos proporcionaram foi incrível, o nível de jogos que fizemos e o envolvimento de todos que fazem parte desse grupo, realmente fez valer a pena todo o esforço e trabalho.
2 Min – É perceptível que a Seleção Masculina avançou muito nos últimos cinco anos. Acredita que este desenvolvimento se dá principalmente porque o time é bastante unido?
Guilherme – Com toda certeza, a união nos ajuda muito. Não somos ainda uma seleção de estrelas, e para vencer seleções com muitas estrelas, temos que fazer algo sobressair, fica evidente a união, vontade e a garra que jogamos cada minuto de jogo.
2 Min – Como é treinar com o Jordi Ribera. Ele tem realmente aquele estilo tranquilão que vemos durante as partidas ou nos treinos ela dá mais broncas, chama mais a atenção de vocês?
Guilherme – Ele é muito tranquilo, um treinador que conversa mais do que briga. Diariamente chama os jogares para conversas individuais e sempre há reuniões e vídeos quando ele fala com o grupo em geral, mas sempre escapa um grito e uma bronca, acho que isso faz parte do esporte.
2 Min – Qual o principal objetivo do Granollers para este ano?
Guilherme – Jogamos uma liga muito forte, porém, o Barcelona ainda se destaca em nossa liga, portanto colocamos como objetivo ficar entre os três primeiros colocados da Liga Espanhola, jogar o campeonato europeu, que já conseguimos e passar da fase de grupos e chegar ao final 4 da Copa do Rei e Copa Asobal, além disso, fomos vice-campeões da Copa Catalunha e da Supercopa da Espanha. Estamos fazendo um belo trabalho e cumprindo até agora tudo que nos foi proposto.
2 Min – Qual a tua principal meta como atleta?
Guilherme – Eu acho que qualquer atleta (menos do futebol) tem como objetivo jogar uma Olimpíada. É o melhor campeonato e o ápice de uma carreira esportiva, mas como estamos notando que nossa evolução está sendo boa, tenho como sonho agora uma medalha em Mundiais ou Olimpíadas pela Seleção Brasileira.
2 Min – Na tua opinião, qual são os principais problemas que impedem o crescimento do handebol no Brasil?
Guilherme – São muitos os problemas que impedem o crescimento do handebol, mas acho que os mais graves são, a falta de incentivo financeiro nos clubes e o convênio com universidades, pois muitos amam o esporte, mas em algum momento são obrigados a optar entre um trabalho ou seguir jogando. Também acho que a bolsa de estudos em universidades e o incentivo à Liga Universitária, mais ou menos como o basquete americano, ajudariam a manter os atletas no esporte e subindo o nível do handebol brasileiro.
2 Min – Para encerrar, pode deixar uma mensagem para os atletas que querem seguir a carreira no handebol?
Guilherme – Primeiro que se dediquem ao máximo, cada dia e cada minuto, todos os treinos, fisicamente e etc. Depois, que não desistam dos seus sonhos, é difícil sim, é complicado sim, mas vale a pena cada gota de suor, cada fim de semana perdido. Isso te dará muitos frutos no futuro e valerá muito a pena todo o esforço.
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