Mayssa durante jogo pela Seleção. Foto: arquivo IHF
Mayssa Pessoa, campeã Mundial com a Seleção Brasileira em 2013, começou a carreira nas areias. Ela contou para o site da Federação Internacional de Handebol como foi o começo de carreira, como foi parar no handebol de areia, como foi parar no indoor e como está na carreira hoje.
Mayssa contou que começou a praticar handebol indoor, em João Pessoa (PB), com 10 anos, no Colégio Lourdinas, motivada pela professora e treinadora Rossana Marques. Foi Rossana que apresentou o handebol de praia para goleira, na época ela tinha 15 anos. Ela começou a jogar e, algum tempo depois, disputou um torneio regional da modalidade, foi quando a treinadora da Seleção Brasileira Feminina de Handebol de Praia, Claudia Monteiro, a viu e a convocou.
“A treinadora da seleção brasileira Claudia Monteiro veio nos assistir naquele torneio em Fortaleza e onde terminamos em terceiro. Ela sabia que havia esses jogadores novos e talentosos da nossa região e tinha ouvido falar de mim e do time. Ela me viu jogar, conversou comigo e com meu treinador Marques, e então recebi a ligação para a equipe nacional. Eu estava tão feliz. Chorei de felicidade e minha mãe e meu pai ficaram muito felizes por mim”, lembrou.
A goleira ainda lembra da época que jogou a Taça Kika:
“Acho que foi por volta de 2000 que joguei uma competição de praia pela primeira vez, a Taça Kika, que a técnica Marques realiza na minha cidade todos os anos. Joguei pelo time dela, vencemos e continuei sendo eleito o melhor goleiro todos os anos em que joguei. Ganhei muitas medalhas porque estava sempre jogando em uma categoria tão alta.”
Em 2004, aos 20 anos, ela foi convocada para o Mundial do Egito, o Brasil ficou em sexto, porém, a goleira conquistou a medalha de melhor da posição na eleição do All-Star Team.
“Apesar de termos terminado em sexto, foi uma experiência muito boa para todos nós e todos tivemos uma boa impressão sobre nossos próximos passos nas próximas competições. Sabíamos que o Brasil poderia crescer e ser o melhor time do futuro”, afirmou Pessoa, que completou:
“Fiquei muito feliz e orgulhoso quando ganhei o prêmio de melhor goleiro do mundo, nunca esquecerei quando o anunciaram; Eu já estava chorando, como meu treinador me disse um pouco antes da premiação que eu ia conseguir. Eu estava chorando como um bebê, mas foi uma sensação incrível. Logo após o Egito, no ano seguinte, o Brasil se tornou campeão mundial nos Jogos Mundiais na Alemanha, e eu ganhei o melhor goleiro do mundo novamente.”
Os Jogos Mundiais de Praia referido por Mayssa, foi realizado em 2005, na Alemanha. Era a segunda edição do evento e o handebol de praia era esporte demonstração.
“Lembro-me de tantas coisas da Alemanha, foi uma grande experiência na minha carreira e na minha vida. Jogamos contra tantas grandes equipes e vi tantos atletas e esportes juntos, foi incrível. Vencemos a Hungria na final quando lembro que chutei a última bola de dentro do meu gol para vencer o jogo. Chorei muito de felicidade e ainda é uma lembrança muito clara para mim”, contou emocionada.
“Foi como um mini-Jogos Olímpicos para os esportes que não estavam nos Jogos Olímpicos, mas alguns deles estão agora, e espero que o handebol de praia seja outro para adicionar a essa lista em breve”.
Mayssa foi naquele mesmo ano para Portugal, iniciando a sua carreira internacional.
“Foi por causa do handebol de praia que me mudei para Portugal para jogar indoor no Andebol Gil Eanes. O presidente do clube voou para João Pessoa para me ver e conversar com meu pai e minha mãe para me deixar ir jogar lá, então eu voei para Portugal em outubro de 2005”, disse.
Em maio de 2006, a goleira foi defender o Ermua, da Espanha, após chamar a atenção dos espanhóis. Porém, naquele ano não pode defender os arcos brasileiros no Mundial de Handebol de Areia, que aconteceu no Brasil. O clube não a liberou. Nessa edição, o Brasil conquistou o primeiro ouro.
Em 2008, ela defendia o espanhol Zaragoza, que a liberou para defender o Brasil no Mundial de Handebol de Praia, daquele ano, quando a equipe brasileira conquistou em Cádiz (ESP), o bronze.
“O problema era que eu não jogava ou treinava handebol na praia há dois anos e me machuquei no torneio, mas a vitória contra a Itália para conseguir o bronze foi incrível. Foi muito bom estar de volta à areia depois de um longo intervalo, no entanto, foi a última vez que joguei na areia, logo depois que terminei o Mundial, comecei a jogar pela seleção brasileira”, relatou.
No indoor, Mayssa conquistou o Mundial de 2013, realizado na Sérvia, com a Seleção Brasileira.Também conquistou com a equipe nacional ouro no Pan-Americano de 2013, além de outras conquistas com o Brasil. Pelos clubes que passou, conquistou diversos títulos, mas ela destaca o ouro da Champions League 2015/2016, na época defendia o CSM Bucareste.
Atualmente, a brasileira está no Rostov-Don, que disputará a Final Four da Champions League. A competição poderá ocorrer até o final do ano, em razão da Covid-19.
Perguntada se ela imaginava tudo que já conquistou, a goleira respondeu:
“Sim, eu imaginei porque sonhei com tudo o que aconteceu na minha carreira e lutei por isso. Eu tinha certeza das minhas habilidades e sabia que era possível fazê-lo, mas o handebol de praia realmente me ajudou a começar minha carreira profissional. Minha carreira é uma grande história, tantas coisas grandes aconteceram e estou muito orgulhosa de poder fazer meu nome no handebol mundial”.
Em setembro, Mayssa fará 36 anos, mas ela só pensa em se aposentar daqui uns dois anos ou três anos. “Como goleiro, você pode ter uma carreira mais longa que os outros jogadores. Talvez eu volte ao handebol de praia. A modalidade está crescendo em todo o mundo e tenho 100% de certeza de que é um esporte que terá muito sucesso quando se tornar parte dos Jogos Olímpicos, com sorte em 2024”, destacou.
“A Confederação Brasileira de Handebol tem muitos novos projetos planejados para o handebol de praia no futuro para garantir que possamos ver novos talentos e manter o Brasil no topo e eles querem que eu o ajude a crescer. Tenho certeza de que estarei envolvido com as equipes brasileiras de handebol de praia no futuro, seja jogando ou na equipe”, planeja.
Mayssa conta que o atual momento tem a preocupado, não apenas profissionalmente, mas também pessoalmente.
“Estes são tempos muito estranhos no momento. É muito difícil agora, para todos nós, em todo o mundo. Estou treinando em casa, como todos os jogadores. Estamos treinando on-line com nosso personal trainer, do Rostov-Don, todos os dias. Ele nos envia programas para acompanhar e treinamento em vídeo”, relatou, completando que:
“Minha família está toda no Brasil e minha irmã e mãe querem que eu fique aqui na Rússia, no momento, não há vôos de volta para casa, então precisamos esperar e ver o que vai acontecer. Eu falo com eles todos os dias pelo FaceTime. Minha irmã é pediatra, trabalhando em dois hospitais, um perto de sua casa e outro a mais de duas horas. Ela está bem, mas todos nos preocupamos porque ela não pode parar e, em minha cidade natal, como muitas outras partes do mundo, há muitas pessoas com coronavírus, ela é uma heroína e estou pensando em todos que trabalham em hospitais”.
Mesmo preocupada ela se mantém otimista: “Uma coisa que todos sabemos é que isso vai passar e tudo ficará bem no final”.
A goleira destacou que muitas pessoas a auxiliaram na carreira e nas suas conquistas:
“Eu tenho tantas pessoas para agradecer, tantas pessoas que me ajudaram e me fortaleceram quando eu estava lutando para ter uma grande carreira. Quero agradecer especialmente a todos os meus treinadores que tive ao longo da minha carreira; cada um tem sido muito importante em todo o processo”.
“Mas também há pessoas que não me ajudaram; que queriam atrapalhar minha carreira e que queriam me fazer desistir, mas por todas essas pessoas sou grata porque sem elas eu não chegaria onde estou hoje, isso me deu uma motivação maior para vencer na vida, e mostrar que eles estavam errados sobre mim”
Porém, na lista á um agradecimento muito importante:
“Quero agradecer especialmente à minha mãe, pai e irmã, que sempre me apoiaram, não importa o quê; eles sempre queriam que eu seguisse meus sonhos”.
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